domingo, 5 de setembro de 2010

A leitura deve ser...

O grande educador Rubem Alves diz que a leitura deve ser uma coisa vagabunda, preguiçosa, feita de maneira despretensiosa.
Nada mais desafiador para o professor de Literatura que a fala deste grande mestre. Então, como ensinar literatura, se ela deve ser algo pessoal, vagabundo, sem compromisso?
Em primeiro lugar, devemos ter claro que não ensinamos literatura. Literatura não é técnica. Podemos ensinar alguém a pintar, mesmo que não tenha talento, a desenhar, a escrever, mas jamais a gostar de ler. O que se ensina nas escolas, mesmo nas universidades é história da literatura, e o grande desafio, como educadores, é transformar essa história em algo tão apaixonante que permita ao educando descobrir o prazer, o sabor de viajar através das páginas de um livro. Isso não é tarefa fácil, tampouco se dá em um passe de mágica.
Essa paixão só é possível ser despertada através do ato da leitura, da descoberta dos muitos prazeres que ela proporciona. Cabe ao professor orientar, indagar, tornar possível a reflexão. Cabe ao professor ser um orientador dessa jornada, fazer com que o educando descubra a maravilha que é a leitura, as muitas faces que ela pode ter e transformar.
Estamos aprendendo a literatura de informação, o período colonial. Aparentemente, pouco ou nada há de interessante nisso, mas transformando essas informações em uma peça de teatro, em uma brincadeira, em um jogo, podemos descobrir muitas coisas. Cabe a você, caro professor, tornar essa descoberta possível.
Imagine seus alunos reescrevendo a Carta de Caminha, teatralizando um
personagem tão incrível como José de Anchieta, feche os olhos, por alguns minutos e imagine...é possível e, quando menos esperar, estará lá,
um universo inteiro de possibilidades, seus alunos, literalmente, vivendo a literatura, experimentando, brincando com o sabor do saber.
Imagine uma peça em que seus alunos recriem os escritos da época do achamento? Que vejam como sua língua evoluiu ao longo dos séculos, modificando-se, enriquecendo-se; imagine a diversão ao falarem uma língua tão diferente que nem parece a mesma?
Literatura é isso. É invenção, diversão, possibilidade infinita de criação.
Espero que tenha gostado até aqui. Chegamos exatamente na metade de nossa viagem, espero que a navegação esteja sendo tranqüila e que possamos continuar navegando em mar tranqüilo, mas não esqueçam que, em mar tranqüilo todo barco navega bem, a grande diferença é navegar em mares agitados de maneira segura!

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